domingo, 30 de outubro de 2011

Fragmentos de Galeano - ESPELHOS

Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?

Assim vamos...

Estou tentando escrever algo coerente com o que sinto neste momento, mas é como se as palavras desaparecessem como mágica. Preciso dizer que sinto-me triste. Preciso aprender a conviver com tristezas. mas, isso eu já sei...
Sei também que uma tristeza é completamente diferente da outra. Da mesma forma uma alegria. Os momentos são diferentes. As pessoas são outras e o mundo gira... Que bom! A roda gira e nunca sabemos prá qual lado ela vai...
Ainda bem que gira, pois não aguentaria tanto espaço vazio dentro de mim. Engraçado que faço tantas coisas e o vazio fica ali, intacto. Nada o preenche. Nem mesmo palavras poéticas. Procuro consolo nelas, sempre, mas... hoje, ontem e por certo nos próximos dias, não encontrarei.

Só canto... Canto porque um momento, um instante existe e me lembra certa canção e.... assim vai...
Vou continuar com minha solidão, com meu vazio infinito e comigo mesmo, fazer o quê?

sábado, 29 de outubro de 2011

Apego e Des

Apegar-se às coisas, às pessoas ou DES? O que será mais fácil?
Cada um lida com essas situações de acordo com sua história construída em sua vida vivida.
Pois não é que certa feita disse a uma amiga e hoje, sem dúvida, confirmo, que DES, é bem complicado...
Desapegar-se do que amamos, do que vivemos, de quem temos perto é difícl já que apegar-se está ligado à ilusão de possuir. Mas, se tudo passa, tudo é transitório, tudo...acaba... nada temos, apenas somos...(somos o que, mesmo?)
Não podemos possuir o que não é nosso. Há sim, a possibilidade de tocarmo-nos através da alma, no que sentimos, no que aprendemos. Porém, é no distanciar-se, no 'andar alguns passos para trás" que saberemos o que aprendemos, o que sentimos. Nossa! Como doi, como a angústia aperta o corpo por dentro, estrangula o coração até gritar, até parar...
Creio que se a alma fica presa a uma ideia circular mesmo de amor e desejo, fica cada vez mais longe da luz, da possibilidade de continuar a existir em si própria e no grande Outro, e no mundo...Como uma vida...
Ao imaginarmos que as experiências vividas estão inseridas numa grande Roda, em que a Fortuna dita as regras, as sabedorias nos são emprestadas por um tempo para que tenhamos oportunidade de aprender sobre o mundo, sobre a vida, sobre nós. Os desafios, as escolhas, as mudanças caminham junto do sofrimento, do lado, de mãos dadas, e muitas vezes um sofrimento profundo, em que a alma chora, sente dor, roga por uma palavra de consolo, por um pensamento possível de existir.
Para nos desapegarmos do que condicionamos como nosso, é necessário compreender a importância de nos distanciarmos e sairmos da ideia circular de posse, de sentimentos ilusórios que nos fazem escapar do sonho, da imaginação e que estabelece essa tal de desorganização e cometemos as maiores absurdices em nome de algo ilusório, talvez doentio, talvez ....
Refletindo um pouco mais, o próprio desapego nos eleva a uma condição de força interior, de vida possível, de momentos prazerosos e assim vai... assim vamos...
Por aí, entre umas e outras, entre beijos e abraços, entre sentimentos e sonhos...
Apenas, vamos...
E aprendemos...
Então...
Vamos!
Mas...
Alguém aí...Sabe como se faz?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Amanhã

Preciso saber se não sou uma ilusão de minha própria ilusão.
Um sonho de meu próprio sonho.  
Choro e me desfaço na palavra que me arrebata, que me espanca e me dissolve no árido tempo sem lua. 
De fato o silêncio me fala cada vez mais, porém, ainda assim, arrisco. Finjo não ouvir, finjo não ver... 
Amanhã...
Pensarei.

Nada me cala -

"Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia”

Clarice Lispector

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Carlos D. de Andrade

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
... Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
... não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Aula de português

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
...
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Oração do Artista


"Senhor, me invada de criatividade,
encha meu peito de felicidade.
Me ilumine, toque em minhas mãos
... e que seja através delas que
eu fale com a humanidade!"
(Regina Ione de França)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

C. L.

Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu.
Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra?
A isso quereria c hamar de desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior.
A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na na confirmação de,mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.

domingo, 23 de outubro de 2011

Lembrei da Torre de Babel

Hoje é preciso, de qualquer jeito escrever. Pensei num conto que não sai da minha mente, pelo menos o começo. 
Mas...um conto? 
Melhor ainda não...
Minha necessidade de ser entendida no que digo é por demais urgente. 
Devo também aceitar que não é possível ser entendida sempre.
Em qualquer língua os desentendimentos acontecem. Em qualquer língua as pessoas podem não se compreenderem. É no silêncio a única forma de compreensão mútua. Nem isso mais sei fazer...Silêncio...

Vivo porque existe o silêncio e nem a ele compreendo mais. Estou dentro da Torre de Babel, é assim que me sinto.  Como sair dela?  Bem, um jeito vou encontrar. Sem dúvida.
 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Infinito da vida!?

Tudo parece inacabado, por mais que pense que cada momento vivido, cada experiência completa pode explicar a vida, tudo parece inacabado. Fico angustiada, pois preciso de certa forma dar um fim a algumas coisas que, mesmo desejando-as, não são para mim. Aliás, estão longe de serem...
Sinto-me, algumas vezes como se flutuasse entre o que vivi e o que poderia ter vivido. Só pode ser numa outra dimensão, se não o vivido, a minha compreensão sobre esse vivido, como num sonho.
Minha vida, toda ela, incrível, é feita de momentos inacabados. Se começar a pensar nisso, o que farei daqui em diante? Alguém diz que as coisas acabam, mas eu digo: não acabam. Continuam dentro de nós.
Talvez isso seja mais sofrível do que tudo, já que tudo pode ter fim.


Hoje, o que me arrepia de medo, é o infinito da vida.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Relacionamentos -Arnaldo Jabor

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
 
Detesto quando escuto aquela conversa:
... - Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...
 
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
 
Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.

Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Me ajuda, Clarice Lis,

“Pois tome. Prove. Sinta.
Tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louco, estranho, chato! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Sou viciado em gente. Ad...oro ficar sozinho. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije na boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir… Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo.
Quer saber como eu sou para me aceitar? Vou me fazer conhecer melhor por você. Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Sou paciente mas profundamente colérico, como a maioria dos pacientes. As pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão. Gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo. Nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrado?
Desculpa, nada é pouco quando o mundo é meu!
Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão.Tranqüilidade e inconstância, pedra e coração.Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono.Música alta e silêncio.Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo!Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. ou toca, ou não toca. “

Palavras da vida

Por um lado:
desencontro
desentendimento
turbulências
mal entendidos
invasão
agressividade
medo
culpa
desamor

Por outro lado:

?

sábado, 15 de outubro de 2011

Fragmento de Fernando Pessoa

"E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isso e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim."

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Carlos Drummond de Andrade

"Fazer da areia, terra e água uma canção
Depois, moldar de vento a flauta
que há de espalhar esta canção
Por fim tecer de amor lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais que puro som
envolverá o sonho da canção
por todo o sempre, neste mundo"
"A emoção é a senhora e não serva da razão."

Letras 1

"Cantando a gente inventa.
Inventa um romance, uma saudade, uma mentira...
Cantando a gente faz história.
Foi gritando que eu aprendi a cantar:sem nenhum pudor, sem pecado. 
Canto pra espantar os demônios, pra juntar os amigos.
Pra sentir o mundo, pra seduzir a vida."

(Cazuza)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Interlúdio II

Assim como se recomeça uma vida, recomeço minhas anotações sobre ela. Pretendo, pelo menos, mas acho que já é um bom recomeço. 
Assumo as responsabilidades por tudo o que penso e faço, tudo o que digo e escrevo. Assumo meus amores, minhas paixões, acompanhada por medos, mas administrando-os muito bem. É assim que viverei daqui em diante.
Pretendo não cultivar sentimentos que me façam sofrer, sentimentos que causem dor. As raivas, as mágoas, as decepções, as frustrações vão acontecer mas tudo depende de como conversarei com elas. Um papo agradável, em que conterei minhas ansiedades e angústias, mesmo que as amacie um pouco, e manterei forte a necessidade de conviver com todos da melhor forma possível.

Vivamos a vida de maneira bela!
Vivamos a vida com a música dos olhares e das palvras carinhosas!
Vivamos a vida, sem os finais abrasadores e intrépidos, apenas recomeços, sempre. Recomeços poéticos e apaixonados. De longe ou de perto.
Apenas, vivamos a vida!