
Muitas vezes sentimos a necessidade de explicar.
Por quê?
Cada um vê o mundo com a lente que lhe coube. Sofremos porque fazemos ou falamos em idiomas diferentes.
Não entendemos porque determinadas situações são, sob o olhar da Psicanálise, manifestações do sintoma que se constitui com o sujeito.
O sintoma causa sofrimento, sabido é, pois trata-se da forma de expressão que o sintoma encontra a fim de 'ser visto'. Dói o corpo, e chora a alma de tristeza e de padecimento.
Está além do nosso alcance e controle.
Diante das impossibilidades de soluções, buscam-se explicações, justificativas.... Busca-se a paz, na mente e no coração.
E então... Somos atravessados pelas palavras, e preciso falar, preciso justificar, preciso contar, preciso que tudo seja dito e escutado. Não por pena ou compaixão, mas por interesse de compreensão. Isto parece também tão paradoxal, pois queremos explicar mas fomos entendidos de outra forma.
Seria tão bom se os seres humanos deixassem o uso da linguagem fluir, para então encontrarem um entendimento, seja num olhar, num aperto de mão.... Nada muito mais que isso, mesmo que o desejo genuíno viesse 'de volta' ao real. (?)
Falar alivia, não elimina nada, apenas alivia. Assim como escrevo agora, ninguém me lerá, não importa. Esta é a dor da solidão.
Quem sabe Lacan tenha razão e tudo o que parece 'aliviador', possa ser transformador.
Logo lembro de Carlos Drummond de Andrade:
"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis."