segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Não deixemos passar um segundo da vida sem o olharmos

Chegamos naquele momento em que tanto nos fragilizamos já que mais um ano termina e tal  momento vem carregado de um significado forte em nossa vida tão atribulada, rápida e repleta de coisas que na real não sei para que servem muito... Em todo caso, ficamos mais sensíveis, reflexivos, buscamos alegrias que substituem os fracassos, os erros...os momentos de tristeza.

Neste ano que chega ao seu final, começo a pensar em tudo o que se passou, em todos os acontecimentos, cada dia, cada semana... vou refazendo e ... não sei se caio na gargalhada ou afogo as mágoas numa taça de espumante. Ou ainda, morro chorando... Tenho algumas alternativas ao menos... 

Sinto a necessidade de marcar alguns momentos que, talvez por terem sido causadores de muitas dores, dores profundas, precisavam ser sentidas para que hoje pudesse eu pensar em como consegui, de certa forma, escapar de sentimentos que não conduziriam a lugar algum.

Começamos o ano com tragédias, perto de nós, incêndios, vidas que morreram por desajuste humano. Logo, além das programações tristes e infelizes das TVs, somos obrigados a ouvir, aceitar e seja lá o que mais, algo parecido com música, são chamadas de músicas, porém as sinto vazias, ocas de qualidade, de sentido e de linguagem. Isso vai para onde? Que ouvidos acolhem tudo isso? Não sei, tenho receio de saber que sei...

Situações difíceis apresentaram-se como desafios para que eu tivesse a certeza do nada que somos como seres humanos, e do tudo que podemos vir a ser. 

Perdi muitas coisas, muitos afetos, perdi algumas vezes a vontade de continuar vivendo, por tantas decepções que ao longo do ano foram acumulando-se. Não sou acostumada a desistir, e assim foi... Não desisto da vida, tento buscá-la em qualquer lugar, com muitas lágrimas e gritos de desespero, mas vou atrás dela. 

Ouvi palavras lindas, de poetas amigos que conheci virtualmente, li livros, histórias, poesias, contos, crônicas, biografias.... que atiçam minha vontade de continuar na vida a lutar por um mundo melhor. Perdi meu amiguinho, meu guri, que vivia ao meu lado, cuidando, sentindo o que eu sentia, consolando-me com seu olhar de carinha virada pro lado, ganhava sempre um sorriso, uma bola, um chinelo, ou ainda uma mordida boa... Mas era tão bom... Deixou-me muita, muita saudade mesmo, o Kimba, nosso Maltês de quase 10 anos. 
Tentei ajudar muitas pessoas, como meus alunos e suas famílias, alguns sucessos obtive, outros sei que algum tipo de marca ficou...

Algo inédito surgiu em minha vida, um trabalho com idosos e a música. Percebi o sentido que a Psicologia e a Música provocam e promovem em mim.

Já, noutros momentos, ouvi algumas palavras desagradáveis, fui odiada, fui chamada de chata, queriam até ensinar-me o que significa 'projeção', vejam bem, meus amigos. 
Seria algum tipo de projeção de cinema? 
Essa projeção realmente estou disposta a aprender... 
A outra deixo para Freud, sempre soube mais que nós... 

Falando no moço esse, quantas "acontecências" no curso de Psicologia, amores, paixões, desistir ou não desistir, tolerar ou mandar pastar, fazer ou deixar que os outros façam do seu jeito simples de fazer... Sim, são e foram muitos momentos assim, de escolhas. A vida é feita de escolhas, já dizia alguém... Agradeço tanto a alguns professores que eles nem imaginam que sou agradecida a eles.

Tantas coisas boas, que são as que ficarão, aconteceram e por tudo isso sinto alegria hoje, pois: 
ter uma filha como a que tenho, linda, artista, braba mas lutadora, com desejos à flor da pele por uma sociedade mais justa e eficaz coletivamente, os encontros com meus amigos, em especial minha amiga Tamara, as conversas especiais com amigas da música, minha analista que aturou minhas loucuras (e ainda tem muito prá segurar...), os momentos felizes em família, a manutenção de um trabalho que tanto me alimenta como ser humano e me fez, exatamente pelo  momento que a humanidade passa hoje, buscar respostas (que espero não as encontre...) na Psicologia... 

Afinal, com tantas coisas, digo aos amigos...

Que ano...
Que intensidade de acontecimentos...

E como sempre entra a medida de tempo em nossas vidas, o tempo maior vivido por mim neste ano que chega ao seu fim, foi composto de ansiedades, tristezas e dores. O menor tempo esteve com as alegrias, pois estas sempre acontecem em intervalos menores, em espaços pequenos, nos instantes de uma nota, de uma música, de um olhar, de uma palavra de acolhida... E nem sempre consegui percebê-las...

Vejo e sinto como é sublime
a mensagem que sintetiza este ano no meu coração e mente: 

"não deixemos passar um segundo na vida sem olhar para ele"



domingo, 8 de dezembro de 2013

Sobre a vida

Vivemos como se o tempo nos fosse inesgotável. Desperdiçamos palavras ao vento, como se fossem cabíveis de sentido. Deixamos passar momentos importantes, momentos que poderiam resultar em inesquecíveis histórias por medos ou ansiedades. Erramos. Temos escolhas, mas nem sempre nossas ações condizem com os desejos. Eis nossa relação com o real. O sonho tenta, o real impossibilita, acha seus desvios e as pontes caem.
Assim é a vida e temos que aceitar que assim é... Sem prejuízos de tentarmos de novo e de novo... 
O perigo está em conservarmos os sentimentos de mágoa e rancor. Não ajuda, tampouco resolve coisa alguma. O sofrimento fica hiperdimensionado e as tristezas passam a ser o comum.
Desejo que neste fim de tantas coisas, mais uma vez, fim de um ano, fim de trabalhos, fim de palavras, as pontes se reconstruam e mantenham vivo os bons sentimentos em todas as pessoas. Desejo que a vontade de viver perto seja maior que os momentos que temos com ganas de fugir, sumir, ir prá longe, desistir de continuar... tenho sempre muito isso, vontade de desistir de tudo, muitas vezes no ano, no mês, no dia... Mas neste momento da minha vida não posso. por isso não somos e não temos que considerar-nos totalmente livres, não somos. Precisamos nos encaixar em regras morais para conseguirmos viver socialmente, sermos valorizados e as pessoas apreciarem o que fazemos, é preciso.
Liberdade... é ilusão, porém, podemos fazer da ilusão um jeito de viver diferente, na realidade.
Como a música, ela existe, mas que consegue tomá-la pára sí? ninguém, nem mesmo seu próprio autor.
Deixemos a vida assim...

Pode ser, ou não

Pode ser que sim
Pode ser que não
Pode ser o tempo
Pode ser o vento
Pode ser, ou não

Pode ser música
Pode ser silêncio
Pode ser palavra
Pode ser grito
Poder ser, ou não

Pode ser o que não pode
Pode ser, ou não.