sexta-feira, 9 de março de 2012

Ternura - Vinícius de Morais

Eu te peço perdão 
por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo


Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...


É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta


E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

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