sábado, 3 de março de 2012

Um pouco de Rita Apoena

Sempre. Todos os dias devem ser assim...
(...) eu tinha de encontrar
Um jeito de alongar os braços.
E estreitar distâncias em mim. (...)

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Sobre o aborto

E naquele dia,
o seu filho nasceu para dentro.
E quanto mais o tempo passava,
mais o menino crescia:
esbarrando no seu coração.

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sobre o tempo

Procuro uma câmera
que fotografe o iminente,
e a memória revele as imagens,
pendurando-as na linha do tempo,
para secar.

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Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.


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