Nem sempre entendo do jeito que o Outro gostaria. Isto passa a ser uma dificuldade? Nao. De forma alguma. Além de sermos pessoas com histórias diferentes, épocas e idiomas diferentes, cada um enxerga o mundo com as lentes naturais do seu corpo. Seu ponto de vista. Tão fácil isso e nos meus estudos aquiterurenses me eram tão dificultosos.... E só agora, neste ultimos anos que venho percebendo que é real.... De fato cada um vêne escuta do seu jeto e o que deseja, ou seja, vê suas coisas, vê seu desejo ou a falta dele.
Portanto, quantos mundos existem? Quantas pessoas sou diante de cada Outra? O que construo é entendido como o que eu construí ou como é visto? Afinal?
Quem é o que diz ser? Que mundo é esse feito de infinitos outros mundos?
Qual será o real? O meu ou o que enxergam do meu mundo?
O que é o real?
As verdades absurdas me enervam de tal forma a desistir de fazer o Outro existir.
Assim como em música, este espaço dedica-se a ideias entre um sentimento e outro que aparecem sem querer, ou por necessidade que poderão vir a modular um tema emocional, oferecendo vários sentidos a ele e a quem o expressa. É...na verdade, é só um blog como outro qualquer, com uma montanha de palavras que algumas vezes parecem fazer sentido, outras vezes...não
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
terça-feira, 4 de agosto de 2015
À razão é pura ilusão!
Alguns humanos precisam sentir que sabem.... Sabem o que fazem, sabem o que sentem, sabem o que os outros sentem, sabem.... Apenas sabem. O verbo principal de suas vidas: saber
Saber é poder e poder é pura ilusão. Ilusão por ilusão prefiro aquela que a gente sente mesmo sem verdades absolutas e absurdas.
Há de chegar um dia que amar por amar, apenas amar, seja simplesmente amar.
Moral e poder.... Tudo na mesma mesmicidade besta.
Canso de papo furado desse tipo.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Sobre um estado depressivo
Por favor, não me venham com verdades sobre a vida. Quem fala verdades não sabe o que diz.
Por favor, não me venham com perguntas sobre o que sinto, quem pergunta isso, nunca soube o que sentiu.
por favor, não me venham com frases feitas de que tudo vai dar certo. Nada dá certo. Quem fala isso, vive de ilusão. (tá pior que eu)
Por favor, não me venham com palavras em tons fortes, porque nunca sentiram o grito silencioso de uma alma em sofrimento.
Viver com anestesiantes de sentimentos, esse é meu destino. Tudo o que sinto precisa ser anestesiado.
Não me venham com pedidos de ajuda, ando cansada de ajudar os outros. Preciso ajudar minha a dor a morrer, ou a mim mesmo.
Se possível, peço a todos que esqueçam de mim.
Não vou mais a lugar algum, não esperem de mim o que até então estava oferecendo.
Não me venham com conselhos. DETESTO!
Cuidem de sí. Mintam para si mesmos, não para mim. Não compactuo mais com nada, nem mentiras e muito menos verdades.
Gosto de ler Clarice quando diz sobre sua mãe (para mim é sobre meu pai)
“(...) fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe (não curei meu pai). E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdôo.”
Por favor, não me venham com perguntas sobre o que sinto, quem pergunta isso, nunca soube o que sentiu.
por favor, não me venham com frases feitas de que tudo vai dar certo. Nada dá certo. Quem fala isso, vive de ilusão. (tá pior que eu)
Por favor, não me venham com palavras em tons fortes, porque nunca sentiram o grito silencioso de uma alma em sofrimento.
Viver com anestesiantes de sentimentos, esse é meu destino. Tudo o que sinto precisa ser anestesiado.
Não me venham com pedidos de ajuda, ando cansada de ajudar os outros. Preciso ajudar minha a dor a morrer, ou a mim mesmo.
Se possível, peço a todos que esqueçam de mim.
Não vou mais a lugar algum, não esperem de mim o que até então estava oferecendo.
Não me venham com conselhos. DETESTO!
Cuidem de sí. Mintam para si mesmos, não para mim. Não compactuo mais com nada, nem mentiras e muito menos verdades.
Gosto de ler Clarice quando diz sobre sua mãe (para mim é sobre meu pai)
“(...) fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe (não curei meu pai). E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdôo.”
sábado, 6 de junho de 2015
Hoje a vida me é insuportável
A vontade de viver sumiu
A alegria de sorrir evaporou-se
Não desejo mais viver assim
O mundo não está como deveria
As estrelas não brilham mais como antes
A lua não seduz como os poetas dizem
Cansei de tudo
Cansei de todos
Cansei principalmente de quem não entende
Que as pessoas não são como as vemos
A alegria de sorrir evaporou-se
Não desejo mais viver assim
O mundo não está como deveria
As estrelas não brilham mais como antes
A lua não seduz como os poetas dizem
Cansei de tudo
Cansei de todos
Cansei principalmente de quem não entende
Que as pessoas não são como as vemos
quinta-feira, 4 de junho de 2015
El valor que no se ve
Hay días en los que la vida se llena de porqués,
La esperanza se preocupa por quererlos resolver,
Desconfías de la gente, del amor y piensas que
No es posible que se sufra más que tú.
Y esos días tú te rindes al mundo en torno a tí
Para no sentir el miedo del valor que no se ve
Y te sientes tan perdida que ya no puedes más
Sin la fuérza que te da la vida
Busca una salida, un mañana que
Cure las heridas que hay dentro de tí,
Lucha por vivir, con ese valor que no se ve
Equivocarse nunca importa, vuélvelo a intentar
Si una puerta se te cierra, otra puerta se abrirá
Lo que en realidad importa es no renunciar jamás,
Pues tal vez estés a un solo paso...
Busca una salida, un mañana que
Dé una nueva vida a todo el mundo que
Luchará con fe, con ese valor que no se ve
Por todos ellos, échale valor,
Por quien lo pierde y lo va buscando,
Por los que se sienten tan mal como tú,
Por esos que esperan sin desesperar, como tú
Busca una salida, un mañana que
Dé una nueva vida a todo el mundo que
Sólo por dolor no se pierda en el camino
No te rindas nunca, busca en tu interior
Busca la salida, el mañana que
Vuelves a tener dentro del valor que no se ve
segunda-feira, 1 de junho de 2015
Meu predileto e insubstituível
Será mesmo o mais sombrio e trágico de todos os escritores? Como pode ser se tudo o que escreve é de uma amorosa visão de antecipação além de romantizar tão sensivelmente ao descrever seus instintos e emoções.
Dostoiévski desperta em mim por uma transferência atravessada apenas pelas palavras, será possível isso?
Pós morte?
Pois é assim mesmo.
Ele parecia (parecer) conhecer o coração humano como ninguém, desde sua época até hoje. O proibido e o criminoso provocado pelo coração, no subsolo das emoções. Era um desvelo de sentimentos em suas palavras. Isso sempre me encantou nele. Como não ficar encantada por alguém que diz:
"O amor é mestre, mas é preciso saber adquiri-lo, porque se adquire dificilmente, ao preço de um esforço prolongado; é preciso amar, de facto, não por um instante, mas até ao fim."
- Os Irmãos Karamazov -
"Se a tragédia grega buscava a “katarse” dos seus heróis e do público que a presenciava, nas obras do grande escritor seu correspondente é a “confissão”, que leva, por meio da humilhação, à purificação da alma. Logo, o mundo trágico de Dostoiévski é um mundo de dor, no qual todos sofrem, quer na doença, quer na miséria, quer nas injustiças sofridas, em decorrência de suas paixões.
A sensualidade amorosa, por ser paixão, nunca é um sentimento doce, terno e harmonioso; pelo contrário, muitas vezes ela é uma tentação monstruosa que, ao invés de conduzir à felicidade, conduz à loucura e à ruína da personalidade. Sofre-se por tudo isso, muitas vezes ao mesmo tempo, e serão as dores e os sofrimentos que resgatarão do mal e do pecado os personagens, libertando-os."
Dostoiévski desperta em mim por uma transferência atravessada apenas pelas palavras, será possível isso?
Pós morte?
Pois é assim mesmo.
Ele parecia (parecer) conhecer o coração humano como ninguém, desde sua época até hoje. O proibido e o criminoso provocado pelo coração, no subsolo das emoções. Era um desvelo de sentimentos em suas palavras. Isso sempre me encantou nele. Como não ficar encantada por alguém que diz:
"O amor é mestre, mas é preciso saber adquiri-lo, porque se adquire dificilmente, ao preço de um esforço prolongado; é preciso amar, de facto, não por um instante, mas até ao fim."
- Os Irmãos Karamazov -
"Se a tragédia grega buscava a “katarse” dos seus heróis e do público que a presenciava, nas obras do grande escritor seu correspondente é a “confissão”, que leva, por meio da humilhação, à purificação da alma. Logo, o mundo trágico de Dostoiévski é um mundo de dor, no qual todos sofrem, quer na doença, quer na miséria, quer nas injustiças sofridas, em decorrência de suas paixões.
A sensualidade amorosa, por ser paixão, nunca é um sentimento doce, terno e harmonioso; pelo contrário, muitas vezes ela é uma tentação monstruosa que, ao invés de conduzir à felicidade, conduz à loucura e à ruína da personalidade. Sofre-se por tudo isso, muitas vezes ao mesmo tempo, e serão as dores e os sofrimentos que resgatarão do mal e do pecado os personagens, libertando-os."
- Carlos Russo Jr.
"Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus
amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos , mas apenas a si próprio, e assim mesmo, em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero".
- Memórias do subsolo -
- Memórias do subsolo -
E vejam bem, Freud, nesta época, tinha apenas oito anos de idade!!!!!
Dostoiévski nos conduz aos conflitos mais cruéis da alma, nos hipnotiza com as paixões e suas relações apaixonadas escritas em seus livros. Tal e qual teatro grego.
Descreve o ambiente em seus detalhes, nos colocando dentro do livro e ali, as paixões nos envolvem em suas situações de conflito. Nos consome com suas palavras. Ele transcende as palavras e nos posiciona em sua polifonia dramática.
Pessoas queridas, amo este homem! Um conservador, liberal e profundamente humanista ao promover o amor ao próximo, expressando a compaixão pelos fracos e oprimidos e pela redenção dos degradados sociais. Ao mesmo tempo, satirizou e ridicularizou as vaidades, a corrupção social e a mediocridade das altas rodas.
Esse moço pode desagradar a muitos, mas amim só encanta.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Por que explicar?

Muitas vezes sentimos a necessidade de explicar.
Por quê?
Cada um vê o mundo com a lente que lhe coube. Sofremos porque fazemos ou falamos em idiomas diferentes.
Não entendemos porque determinadas situações são, sob o olhar da Psicanálise, manifestações do sintoma que se constitui com o sujeito.
O sintoma causa sofrimento, sabido é, pois trata-se da forma de expressão que o sintoma encontra a fim de 'ser visto'. Dói o corpo, e chora a alma de tristeza e de padecimento.
Está além do nosso alcance e controle.
Diante das impossibilidades de soluções, buscam-se explicações, justificativas.... Busca-se a paz, na mente e no coração.
E então... Somos atravessados pelas palavras, e preciso falar, preciso justificar, preciso contar, preciso que tudo seja dito e escutado. Não por pena ou compaixão, mas por interesse de compreensão. Isto parece também tão paradoxal, pois queremos explicar mas fomos entendidos de outra forma.
Seria tão bom se os seres humanos deixassem o uso da linguagem fluir, para então encontrarem um entendimento, seja num olhar, num aperto de mão.... Nada muito mais que isso, mesmo que o desejo genuíno viesse 'de volta' ao real. (?)
Falar alivia, não elimina nada, apenas alivia. Assim como escrevo agora, ninguém me lerá, não importa. Esta é a dor da solidão.
Quem sabe Lacan tenha razão e tudo o que parece 'aliviador', possa ser transformador.
Logo lembro de Carlos Drummond de Andrade:
"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis."
quarta-feira, 27 de maio de 2015
A solidão em mim vive feliz.
É preciso a solidão para olhar para dentro e esquecer a ideia de como devo ser para que os outros pensem bem de mim.
Ninguém sabe o que alguém pensa ou sente, apenas deduzem saber por olhares e gestos vindos deles próprios. Na real, as pessoas não querem saber a verdade do que quer que seja, pois suas ilusões serão destruídas.
Talvez seja melhor assim, a solidão em mim vive feliz, sempre me levará a algum lugar sempre diferente. O mundo.
El alma vuela
Mirar tus ojos, encanto azul
Vivir tus sueños, sentir tu piel
Quedarme así, junto a tus manos
El alma vuela llena de luz
Que bueno tu mirar sereno por la noche oscura
Yo siento el mundo más pequeño cuando tú no estás
La luz del sentimiento viene buscando el remanso
Que vive en el campo junto a los geranios de nuestro lugar
Mirar tus ojos, encanto azul
Vivir tus sueños, sentir tu piel
Quedarme así, junto a tus manos
El alma vuela llena de luz
Que bueno tu mirar sereno por la noche oscura
Yo siento el mundo más pequeño cuando tú no estás
La luz del sentimiento viene buscando el remanso
Que vive en el campo junto a los geranios de nuestro lugar
Vivir tus sueños, sentir tu piel
Quedarme así, junto a tus manos
El alma vuela llena de luz
Que bueno tu mirar sereno por la noche oscura
Yo siento el mundo más pequeño cuando tú no estás
La luz del sentimiento viene buscando el remanso
Que vive en el campo junto a los geranios de nuestro lugar
Um poeta sempre fala por nós
"[...]
Viver não é necessário;
o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida;
nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma)
a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso."
Fernando pessoa
Viver não é necessário;
o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida;
nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma)
a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso."
Fernando pessoa
domingo, 24 de maio de 2015
Sobre o erro
Erro sempre.
Mas erros não são pra magoar, trair ou enganar. São apenas para tentar amar, aprender a como ser feliz alguns instantes que sejam.... de olhares, de cuidado, de acolhida, de amparo.
Erro apenas significa a não compreensão de suas possibilidades de mudança.
Erro apenas significa a não compreensão de suas possibilidades de mudança.
Erro muito. Bah!
A sensação é de incapacidade.
Até de estupor diante dos fatos. Mas, há um tempo dentro do tempo que o olho vê e o coração sente.
A volubilidade que empresto ao erro transforma-o sempre em passagem para o desejo de nunca parar.
Sempre seguir.
A experiência da compreensão transforma-se em amorosidade pela vida e admiração pelo humano que consegue ir além dele.
Sempre seguir.
A experiência da compreensão transforma-se em amorosidade pela vida e admiração pelo humano que consegue ir além dele.
sábado, 23 de maio de 2015
Quem sou?
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sou uma das gotas perdidas
de quem o mar esqueceu!
Quando a onda vem
Sou um concha fechada,
abandonada na areia
Ou na noite calada!
Se o vento sopra
Sou a folha que se deixa levar
Pela possível brisa
Que encanta ao soprar
Quando a música tocar
Estarei na nota
Que nunca
Mas nunca mais
Ouvirás soar.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
1. O Guardador de Rebanhos I - Eu Nunca Guardei Rebanhos
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural —
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
segunda-feira, 30 de março de 2015
Jacques Lacan (1901-1981)
Estudou Freud, foi além retornando a ele redefinindo e criando novas visões dos conceitos psicanalíticos, sob a trilha da linguística e do estruturalismo. Figura controversa para os estudiosos, criticado e amado ao mesmo tempo, configurou uma obra difícil de ser compreendida.
Quem o lê sente-se muitas vezes mal por parecer tão ignorante, pois sua escrita dá a entender uma intelectualidade de poder que esmaga o leitor.
Mas não me assusto com isso. Pelo contrário, mais desejo sinto em ler, quantas vezes for.... Não importa.
Lacan mostra-se original quando passeia entre a Filosofia, a Antropologia, a Linguística e a psicanálise.
O desejo do ser humano desliza, incessantemente, de um objeto para outro, seguindo o caminho que a linguagem lhe indica, com sua organização de deslocamento sintagmático ou metonímico.
Lacan constrói sua tese de que o inconsciente se estrutura como linguagem. Também o lapsus, os atos falhos, os sonhos e os sintomas, em suma, todas as formações do inconsciente, surgem como resultado das substituições metafóricas ou metonímicas de um ou mais significantes por outros, vinculados aos originais por diferentes tipos de relações.
O Espelho e a representação do corpo - bebê - corpo este (fragmentado) esquema corporal fragmentado continua a se expressar durante a vida adulta nos sonhos, delírios e processos alucinatórios. Concebe seu corpo como quebrado ou sujeito a se partir em pedaços. Sinal de imaturidade? De prematuridade? Resultado das vivências relacionadas à incoordenação motora, própria dos primeiros meses de vida? Imago arcaica compartilhada por todos os homens, em todas as culturas? Mito? Lacan recorre a todas estas explicações, em diferentes momentos, para explicar um fato de inquestionável verificação clínica.
Surge a identificação com uma imago = promessa daquilo que virá. Este seria o olhar da mãe = fantasma = imaginário (termo lacaniano)
Tudo isto institui o Eu, afirma-o, constituindo-se como Ego Ideal (o que não somos, mas queremos ser).
O olhar deve ser entendido como uma metáfora geral: é o que pensam de mim, o desejo do semelhante (muito bom isso)
Caminhamos na vida assim, indo e vindo entre o que sabemos, o que não sabemos e o que temos curiosidade em saber. Uma ideia influencia outra e isso vem de idos tempos.
A Psicologia, enquanto ciência moderna, organiza-se a partir das bases criticadas por Nietzsche ao tomar como pressuposto um psiquismo consciente, organizado por um EU racional que possibilita o conhecimento. Ao desconstruir o conceito de EU e da unidade do indivíduo Nietzsche lança as bases para uma nova Psicologia que considere o homem como efeito da luta de forças muitas vezes inconscientes e incontroláveis. Ah essa modernidade que fez a Psicologia racionalizar-se e 'tranquilizar' o sujeito à ideia de poder controlar-se.Isso tudp acaba dividindo esse EU pois se mostra incoerente e em permanente
conflito. Logo, a Psicanálise freudo-lacaniana reconhece os limites da racionalidade e da consciência dando lugar ao inconsciente e às pulsões.
O que prende o homem à vida, segundo a teoria freudiana, é a libido, que coincide
“com o Eros dos poetas e filósofos, o qual mantém unidas todas as coisas vivas” (Freud, S.1920/1996, p.61)
a psicanálise de Freud se aproxima da filosofia de Nietzsche. Lá por meados do sec. XX entra o nosso amigo Lacan que, ao retornar aos textos freudianos traz á tona de novo o subversivo relacionado à ciência. Lacan afirma que a verdade surge da equivocação, com isso tornando os tropeços da linguagem no principal acesso ao sujeito e à sua verdade, sempre singular.
Porque o sujeito diz sempre mais do que quer dizer, sempre mais do que sabe dizer, os atos falhados são atos na verdade bem sucedidos e as palavras que tropeçam são palavras que confessam.
- continua -
Quem o lê sente-se muitas vezes mal por parecer tão ignorante, pois sua escrita dá a entender uma intelectualidade de poder que esmaga o leitor.
Mas não me assusto com isso. Pelo contrário, mais desejo sinto em ler, quantas vezes for.... Não importa.
Lacan mostra-se original quando passeia entre a Filosofia, a Antropologia, a Linguística e a psicanálise.
O desejo do ser humano desliza, incessantemente, de um objeto para outro, seguindo o caminho que a linguagem lhe indica, com sua organização de deslocamento sintagmático ou metonímico.
Lacan constrói sua tese de que o inconsciente se estrutura como linguagem. Também o lapsus, os atos falhos, os sonhos e os sintomas, em suma, todas as formações do inconsciente, surgem como resultado das substituições metafóricas ou metonímicas de um ou mais significantes por outros, vinculados aos originais por diferentes tipos de relações.
O Espelho e a representação do corpo - bebê - corpo este (fragmentado) esquema corporal fragmentado continua a se expressar durante a vida adulta nos sonhos, delírios e processos alucinatórios. Concebe seu corpo como quebrado ou sujeito a se partir em pedaços. Sinal de imaturidade? De prematuridade? Resultado das vivências relacionadas à incoordenação motora, própria dos primeiros meses de vida? Imago arcaica compartilhada por todos os homens, em todas as culturas? Mito? Lacan recorre a todas estas explicações, em diferentes momentos, para explicar um fato de inquestionável verificação clínica.
Surge a identificação com uma imago = promessa daquilo que virá. Este seria o olhar da mãe = fantasma = imaginário (termo lacaniano)
Tudo isto institui o Eu, afirma-o, constituindo-se como Ego Ideal (o que não somos, mas queremos ser).
O olhar deve ser entendido como uma metáfora geral: é o que pensam de mim, o desejo do semelhante (muito bom isso)
Caminhamos na vida assim, indo e vindo entre o que sabemos, o que não sabemos e o que temos curiosidade em saber. Uma ideia influencia outra e isso vem de idos tempos.
A Psicologia, enquanto ciência moderna, organiza-se a partir das bases criticadas por Nietzsche ao tomar como pressuposto um psiquismo consciente, organizado por um EU racional que possibilita o conhecimento. Ao desconstruir o conceito de EU e da unidade do indivíduo Nietzsche lança as bases para uma nova Psicologia que considere o homem como efeito da luta de forças muitas vezes inconscientes e incontroláveis. Ah essa modernidade que fez a Psicologia racionalizar-se e 'tranquilizar' o sujeito à ideia de poder controlar-se.Isso tudp acaba dividindo esse EU pois se mostra incoerente e em permanente
conflito. Logo, a Psicanálise freudo-lacaniana reconhece os limites da racionalidade e da consciência dando lugar ao inconsciente e às pulsões.
O que prende o homem à vida, segundo a teoria freudiana, é a libido, que coincide
“com o Eros dos poetas e filósofos, o qual mantém unidas todas as coisas vivas” (Freud, S.1920/1996, p.61)
a psicanálise de Freud se aproxima da filosofia de Nietzsche. Lá por meados do sec. XX entra o nosso amigo Lacan que, ao retornar aos textos freudianos traz á tona de novo o subversivo relacionado à ciência. Lacan afirma que a verdade surge da equivocação, com isso tornando os tropeços da linguagem no principal acesso ao sujeito e à sua verdade, sempre singular.
Porque o sujeito diz sempre mais do que quer dizer, sempre mais do que sabe dizer, os atos falhados são atos na verdade bem sucedidos e as palavras que tropeçam são palavras que confessam.
- continua -
Nietzsche lido por Philip
A causalidade em Nietzsche
1 - O juízo - esta é a crença: "isso e aquilo são assim"
2 - O critério da verdade está no incremento do sentimento de poder.
3 - Em um mundo que é essencialmente falso, a veracidade seria uma tendência antinatural
4 - O tempo é eterno. Mas, em si, não há nem espaço nem tempo - Devir
5 - Interpretação. O Olho que desperta. O "mundo externo" atua sobre nós
6 - "Causa" não acontece. Nosso "entendimento de um acontecer" consiste em que um sujeito inventado é responsabilizado pelo fato de que algo tenha acontecido e de como aconteceu. A interpretação da causalidade é uma ilusão.
7 - Causa e efeito como continuum (um processo contínuo, sem quebras e divisões...). Negação da condicionalidade.
8 - determinismo. interpretação, sujeitos, "agentes". A vontade da Verdade é um tornar durável. O homem projeta sua pulsão para a verdade (sua morte)
9 - Kant. Manifestação e 'coisa em si'
10 - Não há 'coisa em si'. Conhecer, todavia, é sempre "colocar-se em uma condição para com alguma coisa"
11 - Toda unidade só é unidade como organização e combinação. "coisa em si" nega o interpretar e o ser sujeito como essenciais
12 - A explicação mecanicista do mundo (negar o espaço vazio ou pensa-lo como algo determinado e limitado). Força - vontade de poder. Angústia de conhecer. Buraco: pressão e choque
13 - Linguagem: intenção; sensação e experimentação; conceber como ato de 'criação'; movimento. (Ciência x Afeto)
14 - Ilusão; conhecido e acontecer. Fenômeno. Sem condição entre o fazer e o que se faz. Causa e efeito: dois elementos diferentes e não consequentes.
1 - O juízo - esta é a crença: "isso e aquilo são assim"
2 - O critério da verdade está no incremento do sentimento de poder.
3 - Em um mundo que é essencialmente falso, a veracidade seria uma tendência antinatural
4 - O tempo é eterno. Mas, em si, não há nem espaço nem tempo - Devir
5 - Interpretação. O Olho que desperta. O "mundo externo" atua sobre nós
6 - "Causa" não acontece. Nosso "entendimento de um acontecer" consiste em que um sujeito inventado é responsabilizado pelo fato de que algo tenha acontecido e de como aconteceu. A interpretação da causalidade é uma ilusão.
7 - Causa e efeito como continuum (um processo contínuo, sem quebras e divisões...). Negação da condicionalidade.
8 - determinismo. interpretação, sujeitos, "agentes". A vontade da Verdade é um tornar durável. O homem projeta sua pulsão para a verdade (sua morte)
9 - Kant. Manifestação e 'coisa em si'
10 - Não há 'coisa em si'. Conhecer, todavia, é sempre "colocar-se em uma condição para com alguma coisa"
11 - Toda unidade só é unidade como organização e combinação. "coisa em si" nega o interpretar e o ser sujeito como essenciais
12 - A explicação mecanicista do mundo (negar o espaço vazio ou pensa-lo como algo determinado e limitado). Força - vontade de poder. Angústia de conhecer. Buraco: pressão e choque
13 - Linguagem: intenção; sensação e experimentação; conceber como ato de 'criação'; movimento. (Ciência x Afeto)
14 - Ilusão; conhecido e acontecer. Fenômeno. Sem condição entre o fazer e o que se faz. Causa e efeito: dois elementos diferentes e não consequentes.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Rascunho de ser humano
O corpo e a alma doem. A dor transborda. Mas, sei que não só em mim.
A sociedade está dolorosamente desassossegada, desejante mas ignorante nas suas possibilidades. Vivemos como se fôssemos desenhados, mas no processo anterior: no rascunho.
"O coração, se pudesse pensar, pararia" Já diria Fernando Pessoa, Desassossegadamente.
Quantas discussões a respeito da Psicanálise. Cada qual vende seu peixe. Porém, não é bem assim.
Não colocaria toda uma história de estudo genuíno no mesmo patamar que tudo o que veio depois. Pois, o depois, é depois. E para ser o depois tem que ter havido o antes. Portanto, nada de generalizações e críticas baseadas em suas crenças individuais. Não se trata disso, e, com pesar, observo atitudes semelhantes nos estudos do curso que faço. Fico receosa, pois quem não costuma ler, buscar as necessárias informações e o conhecimento que o ajude a esclarecer suas angústias e dúvidas, ao escutar opiniões formadas, enclausuradas em uma redoma de crenças baseada em sua história pessoal, diz:
- Ah tá.... Nem vou ler Freud, já que é assim.
Somos seres complicados, não é? Tenho sentido que as pessoas não estão preparadas para críticas. Há uma ilusão de que se sabe tudo porque o acesso às informações ilude ser simples. Pois eu diria: É, mas não simples, apenas simplório.
Imagino o humano do ser hoje rascunhado em duas versões que ocorrem simultaneamente. Uma delas num rascunho com traçado frágil, doentio, repassado muitas vezes e fortificado por traços repetitivos no mesmo lugar. Algo patológico e alvo de patologias sociais. A outra versão utiliza um traçado forte em demasia, dividido em partes separadas mas 'juntadas' ou encostadas, algo compartimentado que não permite maiores teias relacionais de pensamento.
Este ser rascunhado, dito humano me faz mal, sinto um desagrado maldito que me mantém em afastamento desses grupos narcísicos, em que pensam que estar certos de alguma coisa é alguma coisa.
Não é. Estar certo é o primeiro erro. Se todos admitissem que estão errados, talvez algo melhor acontecesse. Mente e o corpo não são apenas um agrupamento de órgãos,
músculos e ossos, regidos por leis de uma ciência exata com conceitos fixos e estanques. Mente e corpo são capazes, juntos, de absorver impressões físicas, cognitivas e
psicológicas que interagem entre si.
A mente agrupa as informações intelectuais e “mesmo
em suas manifestações mais abstratas, não é separada do corpo, mas sim nascida dele e
moldada por ele” (CAPRA, p. 79).
Descartes já era desde que viu-se que o corpo sente as experiências físicas e emocionais vividas no estudo das etapas do Desenvolvimento Infantil, desde a gestação até a
adolescência (VOLPI & VOLPI, 2002).
A crítica real neste mundo baseado numa cultura norte americana é da lógica versus o humano, o relativo. É preciso "validar" a interpretação. Vejam que absurdo. Ao dizermos isso, estamos dizendo que é preciso "validar o ser humano".
Pois, junto com o moço Rapaport, afirmo: A Psicanálise é uma ciência pois:
Objeto de estudo: conduta
A Psique trata dos aspectos de conduta, portanto não são 'entidades'(!!!!)
Toda conduta é conduta da personalidade integral do ser humano (orgânico) interconectadas com os sistemas e instituições do sujeito.
Bem, podemos entrar em vários aspectos aqui, fenomenologia, patologias.... Porém, há de haver algo que reconcilie o sujeito a sí próprio. Ao distanciar-se em direção à logicidade de provar causas e efeitos, negamos o mais importante do ser humano, sua capacidade de refletir e transformar-se. De enxergar-se no Outro e de 'veramente' existir como ser pensante.
Assisto às aulas mas vivo em eterna tensão. Nada de ter razão, de estar certo, mas sim, falar bobagens e absurdos, por favor....
NÃO MAIS!
Inicio o ano no coro cantando um Requiem e, o sentido que dou a esse fato é que canto para tudo isso e todos esses que pensam que são a verdade única e determinante da vida.
A lógica me faz lembrar quando rascunhava a figura humana num papel em branco. Cada parte possui seu lugar. E sempre me perguntava: Como este 'boneco' pode ter vida?
Rascunho de ser humano.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Música e Palavra

(Professor Parker a David Helfgott, em "Shine")
Uma mente saturada, transbordante de memórias.
Não parece assim nosso pensamento hoje? Palavras que se acumulam entre as curvas das emoções e que, por serem tantas, muitas delas se perdem por aí. Ficamos poluídos de 'desnecessidades'. Como organizar isso? Como sugar ou desapegar-se do que não precisa para sermos o que realmente somos?
A música e as palavras tornam-se imprescindíveis em minha vida, hoje (na real sempre foram, eu que estava cega e surda) não evito comparar embora ambas tratem do ato de criação.
Em Clarice Lispector, o escrever vai além da linguagem apreendida pelas palavras, pois as palavras em si se desgastam. As palavras são atravessadas de silêncio. O silêncio fala.... elas calam.
Há algo na Música que nos dá uma sensação de alteridade. Como se nos observasse de longe. Vivemos entre a música e a palavra, já que a música expressa o intraduzível pela palavra.
A música como Psicanálise parecem transitar entre as "coisas como realmente elas existem" ou "fatos como eles realmente são".
Para Freud, é“algo que não podemos saber o que é, mas...acontece”
Um cantor, intérprete, porquanto passa o tempo, já não percebe-se o cantar bem, mas o jeito que 'pega' as palavras e as coloca sobre as notas da melodia do jeito só dele. (João Gilberto) Como numa sessão de análise. O paciente é cada vez mais ele.
Não consigo evitar de emaranhar a música e a psicanálise, elas estão em mim, no meu jeito de ser e de 'ver' o lado de fora. Elas ajudam-me a estar no Outro e sentir através do Outro o que talvez nem possa dizer. Nada de poder, onipotência ou o diabo.... que seja.
Na música há a profundidade das tensões, das pulsões, construção de imagens musicais que traduzem as palavras não ditas mas sentidas. Para que exista precisa ser ouvida. Para que seja compreendida é preciso que seja 'esquecida'. Mas.... ruminada e principalmente.... amada.
A Música(lidade) ocupa o vazio inerente a nós, mas não assim.... magicamente. Constrói-se com a escuta do Outro, da voz (como instrumento) promovendo o além do sintoma, essa é a possibilidade nova, advinda da criação da junção de uma escuta com o sentido de quem escuta.
Que silencia nesse momento? Sim.
O musico que interpreta e deixa livre o que toca para ser democraticamente liberto da partitura e dele próprio, talvez seja a pessoa fundamental em tudo isso. Pois ele é o libertador de algo que pode para sempre ficar preso e amarrado ao passado.
Somos "penetrados" por sons, objetos sofisticadamente articulados e relacionados. Em psicanálise, por palavras e sua "música" latente? Processo de conhecimento (Klein, 1946; Bion, 1962b)
E... O mais transbordante de tudo isso é que todos, compositor, intérprete e ouvinte, modificam todo e qualquer sujeito envolvido nesse ato.
Portanto, que se faça música, sempre!
Que conte a história antes de ser história.
Que ninguém impeça da música ser música.
Pois nem o tempo pode com ela.
sábado, 14 de março de 2015
Considerações amorosas.
Os gregos representaram em Eros, o amor. E por ser o amor como é, tratava-se de uma criança cega, surda, apenas com o desejo de ser cumprida a sua vontade.
Assim como amava rapidamente deixava de amar. Sua cegueira, claro, como quem está apaixonado, é resultado desse sentimento intenso que causa a sensação de desvario e loucura. Portanto, distante de qualquer cousa que possa aproximar-se de uma reflexão. Ao ser julgado por Hesíodo como o mais belo entre os deuses imortais porque deixa-se cair, já que seus membros amolecem e o peito submete-se ao coração. Suas flechas fulminam de forma instantânea como un relámpago, o que em Espanhol diríamos: "caer enamorado".
Uma 'doce' queda provocada por algo externo pode fazer estragos enormes em nosso Ego, todos os que já se apaixonaram sabem bem disso. Assim, para os gregos o amor-paixão é uma alteração irracional da alma.
Aristóteles já trazia uma certa ideia de que a paixao vinha de algo fora do homem e seria provocada por um deus.
Cá entre nós, bem que parece algo dos deuses....
Entao, seguindo essa ideia, um amor é capaz de naufragar gigantes, uma instância amorosa capaz de provocar a maiss terrível das tempestades e tormentas. Podendo chegar a uma patologia.
Bah! Paixão como doença acaba com minhas esperanças de que uma paixão pode.mudar, transformar um mundo, um sistema, um ser pessoa, da doença para a cura.
Só posso.concluir que um enamorado apaixonado nao é um ser livre nem responsável por suas ações.
Mas.... Como?
Quem se apaixona é uma.vítima de Eros. Bem.... Acontece.
Se somos incapazas de decidir por esse sentimento inicial, somos sim capazaes de escolher continuar nele.
Ahhh Paixão que acaba com qualquer coração mas que produz efeitos inigualáveis de prazer e transcendência. Momentos que se vão, mas que deveriam ser vividos sempre que possível. Que.beleza que.existe a poesia que perpetua o amor, mesmo que no papel. Mas que romântico escrever sobre amar num pedaço de papel.
O amor-paixão modifica o próprio ser humano. Esse grande.movimento de vida nunca devia ser julgado e desperdiçado por medos e temores da dor. Amar dói, de qualquer jeito. A dor é o arranque da aprendizagem. Não há como apenas passar por esta vida e não viver. Há de se passar pela vida, mas há de se amar na vida. O sentido do viver.
A premissa de que o amor tenha sido inscrito sob as rédeas do irracional parece promover um distanciamento da ciência e da filosofia para.refletir sobre o fato de transbordar e exceder o fator individual. Afinal, vale a.pena amar?
Shakespeare descreve lindamente esta irracionalidade, ou.como queiram chamar, em "Sonhos de uma noite de verão". Duendes que movem os fios do amor enquanto todos dormen, e ao acordarem estariam todos enamorados por seus, talvez, impossiveis amores se não fossemum Sonho.
Lindo isso. Apaixonadamente.lindo e amorosamente humano, recheado de doçura e lindeza!
Os ocidentais ligaram o amor ao sentimento da dor. Ao ponto de que sofrer por amor vale a.pena. Isso culpa dos gregos que fizeram a paixão ser algo irracional (brincadeirinha séria rs)
Mas lindo mesmo e impossivel de ignorar é aquele amor da Idade Media, cortês, rebelde e profano. Ao som de canções de exaltacao ao erotismo. O amor trovadoresco, ou deileixado, o amor proibido. Neste proibido talvez estejam as maiores e lindas historias de amor e paixão.
O romantismo eleva a paixao amorosa e sua consequência é a dor, a morte. Azar do destino.
Ema Bovary, ao ler suas historias de amor, foi contemplada por inumeros contratempos sem os quais nunca seria um amor de verdade.
As mulheres que amaram de verdade e lutaram por seu amor era fortes e mudaram o mundo.
Zeus e seus raios criou o feminino e o masculino e até hoje eles se.procuram por esse mundo de naturezas e ciências, de emoçoes e razoes, de misterios e explicações.
Amar, apenas amar. Como.dizia o poeta. Tão complicado para alguns e tão passivel de alegrias e prazer para outros.
Uma flechada dói. A questao está em como viver bem, amar sem sentir dor?
Alguns.amores são mortais e outros vão se fazendo 'a fuego lento', já dizia meu avô uruguaio, serenamente. É possivel aprender a amar diante das circunstâncias da.vida. Hoje talvez tenhamos que reaprender a amar e resgatar em.nós a paixão escondida e abafada.por.um tempo passageiro. As marés que conduziam os navegadores.do amor parecem hoje procurar por eles. As águas vazias.invadiram as.possibilidades de amar devagar e sem repentes. Amar por amar. Amar, só amar.
Ahhh temos Platão com o conceito do desejo como ausência (Banquete)
Só desejamos aquilo.pelo qual somos carentes. Eis Sócrates.
Pensemos que o amor não se explica. Sendo assim, resta amar. Em suas diversas formas de amor a sociedade.poderá vir a transformar-se. O que sempre aconteceu e aconteceu porque é impossivel ao ser humano, por ser humano, não amar.
Para amar precisamos.do Outro. E Amar é o Outro. Um toca e o outro canta. O que nos falta está no Outro. Portanto amar, conversar, cuidar, olhar e sentir, abraçar, esperar..... Esperar sempre.... É entender o Outro como diferente de nós mas que sem ele nao seríamos nós.
Amar, para sempre amar!
Assim como amava rapidamente deixava de amar. Sua cegueira, claro, como quem está apaixonado, é resultado desse sentimento intenso que causa a sensação de desvario e loucura. Portanto, distante de qualquer cousa que possa aproximar-se de uma reflexão. Ao ser julgado por Hesíodo como o mais belo entre os deuses imortais porque deixa-se cair, já que seus membros amolecem e o peito submete-se ao coração. Suas flechas fulminam de forma instantânea como un relámpago, o que em Espanhol diríamos: "caer enamorado".
Uma 'doce' queda provocada por algo externo pode fazer estragos enormes em nosso Ego, todos os que já se apaixonaram sabem bem disso. Assim, para os gregos o amor-paixão é uma alteração irracional da alma.
Aristóteles já trazia uma certa ideia de que a paixao vinha de algo fora do homem e seria provocada por um deus.
Cá entre nós, bem que parece algo dos deuses....
Entao, seguindo essa ideia, um amor é capaz de naufragar gigantes, uma instância amorosa capaz de provocar a maiss terrível das tempestades e tormentas. Podendo chegar a uma patologia.
Bah! Paixão como doença acaba com minhas esperanças de que uma paixão pode.mudar, transformar um mundo, um sistema, um ser pessoa, da doença para a cura.
Só posso.concluir que um enamorado apaixonado nao é um ser livre nem responsável por suas ações.
Mas.... Como?
Quem se apaixona é uma.vítima de Eros. Bem.... Acontece.
Se somos incapazas de decidir por esse sentimento inicial, somos sim capazaes de escolher continuar nele.
Ahhh Paixão que acaba com qualquer coração mas que produz efeitos inigualáveis de prazer e transcendência. Momentos que se vão, mas que deveriam ser vividos sempre que possível. Que.beleza que.existe a poesia que perpetua o amor, mesmo que no papel. Mas que romântico escrever sobre amar num pedaço de papel.
O amor-paixão modifica o próprio ser humano. Esse grande.movimento de vida nunca devia ser julgado e desperdiçado por medos e temores da dor. Amar dói, de qualquer jeito. A dor é o arranque da aprendizagem. Não há como apenas passar por esta vida e não viver. Há de se passar pela vida, mas há de se amar na vida. O sentido do viver.
A premissa de que o amor tenha sido inscrito sob as rédeas do irracional parece promover um distanciamento da ciência e da filosofia para.refletir sobre o fato de transbordar e exceder o fator individual. Afinal, vale a.pena amar?
Shakespeare descreve lindamente esta irracionalidade, ou.como queiram chamar, em "Sonhos de uma noite de verão". Duendes que movem os fios do amor enquanto todos dormen, e ao acordarem estariam todos enamorados por seus, talvez, impossiveis amores se não fossemum Sonho.
Lindo isso. Apaixonadamente.lindo e amorosamente humano, recheado de doçura e lindeza!
Os ocidentais ligaram o amor ao sentimento da dor. Ao ponto de que sofrer por amor vale a.pena. Isso culpa dos gregos que fizeram a paixão ser algo irracional (brincadeirinha séria rs)
Mas lindo mesmo e impossivel de ignorar é aquele amor da Idade Media, cortês, rebelde e profano. Ao som de canções de exaltacao ao erotismo. O amor trovadoresco, ou deileixado, o amor proibido. Neste proibido talvez estejam as maiores e lindas historias de amor e paixão.
O romantismo eleva a paixao amorosa e sua consequência é a dor, a morte. Azar do destino.
Ema Bovary, ao ler suas historias de amor, foi contemplada por inumeros contratempos sem os quais nunca seria um amor de verdade.
As mulheres que amaram de verdade e lutaram por seu amor era fortes e mudaram o mundo.
Zeus e seus raios criou o feminino e o masculino e até hoje eles se.procuram por esse mundo de naturezas e ciências, de emoçoes e razoes, de misterios e explicações.
Amar, apenas amar. Como.dizia o poeta. Tão complicado para alguns e tão passivel de alegrias e prazer para outros.
Uma flechada dói. A questao está em como viver bem, amar sem sentir dor?
Alguns.amores são mortais e outros vão se fazendo 'a fuego lento', já dizia meu avô uruguaio, serenamente. É possivel aprender a amar diante das circunstâncias da.vida. Hoje talvez tenhamos que reaprender a amar e resgatar em.nós a paixão escondida e abafada.por.um tempo passageiro. As marés que conduziam os navegadores.do amor parecem hoje procurar por eles. As águas vazias.invadiram as.possibilidades de amar devagar e sem repentes. Amar por amar. Amar, só amar.
Ahhh temos Platão com o conceito do desejo como ausência (Banquete)
Só desejamos aquilo.pelo qual somos carentes. Eis Sócrates.
Pensemos que o amor não se explica. Sendo assim, resta amar. Em suas diversas formas de amor a sociedade.poderá vir a transformar-se. O que sempre aconteceu e aconteceu porque é impossivel ao ser humano, por ser humano, não amar.
Para amar precisamos.do Outro. E Amar é o Outro. Um toca e o outro canta. O que nos falta está no Outro. Portanto amar, conversar, cuidar, olhar e sentir, abraçar, esperar..... Esperar sempre.... É entender o Outro como diferente de nós mas que sem ele nao seríamos nós.
Amar, para sempre amar!
sexta-feira, 13 de março de 2015
Volta silêncio
Noite na estrada. É a volta. Na volta sempre é noite. Tenho a impressão que alguma coisa em mim grita sozinha. Sinto sua vibração. Será a solidão de dias infindáveis pulsando no desejo que há muito tempo pede para ser nos 'aconteceres' de mim?
Se há um grito, há um silêncio tenebroso. Nas atormentadas palpitações de uma fome que não quero saciar, afasto-me. Fecho os olhos. Quando os abro depois de instantes, volto.
Volto para as repetições de meus dias e minhas infinitas atividades.
O grito que se guarde em si. O silêncio que se estenda diante de meus pés para então acolher-me a ele com a calma de uma noite sem fim.
O vão entre o que se vê e o que não é passa a ser gigante e nele afogo o grito do medo de chegar ao fim.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Mudança
Mude e dance conforme o rítmo das mu-danças.
Muda-se sempre, tudo, o tempo todo. Mas sinto às vezes como se estivéssemos num grande círculo em que tudo muda mas voltamos ao mesmo ponto que começamos. As 'roupas' mudam. O externo, o aparente, o que se vê ou o modo de se ver, sim.... muda ou passa por transformação.
Logo, talvez o que deva ser pensado seja o nosso comportamento diante da realidade e do processo de modernização. As perguntas talvez devam ser diferentes provocando pensamentos que se voltem para a compreensão do que caminha junto com esse processo de modernização. Há o que é bom mas também o não é tão bom. A reflexão acerca dos fatores que reagem e interagem entre os períodos históricos e o processo de mudança é imprescindível. A escola deve sentir-se responsável, os indivíduos tornam-se responsáveis por si e pelos outros.
Já que o próprio indivíduo está nessa rede de 'emergências líquidas'.
Vejam bem, nossas emergências, necessidades mudaram (?), se liquefizeram (?).
Saibam que não aprecio nem um pouco essa coisa de liquidez. Não somos líquidos. Somos afeto, emocao, razao, historia, memória, poesia, contos, somos música, somos vida vicida e contada, somos amor.
Cansei dessa coisa toda desenfreada. Pô!
Líquido pra mim é vinho, cerveja e mate.
Só.
Vale?
Logo, talvez o que deva ser pensado seja o nosso comportamento diante da realidade e do processo de modernização. As perguntas talvez devam ser diferentes provocando pensamentos que se voltem para a compreensão do que caminha junto com esse processo de modernização. Há o que é bom mas também o não é tão bom. A reflexão acerca dos fatores que reagem e interagem entre os períodos históricos e o processo de mudança é imprescindível. A escola deve sentir-se responsável, os indivíduos tornam-se responsáveis por si e pelos outros.
Já que o próprio indivíduo está nessa rede de 'emergências líquidas'.
Vejam bem, nossas emergências, necessidades mudaram (?), se liquefizeram (?).
Saibam que não aprecio nem um pouco essa coisa de liquidez. Não somos líquidos. Somos afeto, emocao, razao, historia, memória, poesia, contos, somos música, somos vida vicida e contada, somos amor.
Cansei dessa coisa toda desenfreada. Pô!
Líquido pra mim é vinho, cerveja e mate.
Só.
Vale?
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