Assim como amava rapidamente deixava de amar. Sua cegueira, claro, como quem está apaixonado, é resultado desse sentimento intenso que causa a sensação de desvario e loucura. Portanto, distante de qualquer cousa que possa aproximar-se de uma reflexão. Ao ser julgado por Hesíodo como o mais belo entre os deuses imortais porque deixa-se cair, já que seus membros amolecem e o peito submete-se ao coração. Suas flechas fulminam de forma instantânea como un relámpago, o que em Espanhol diríamos: "caer enamorado".
Uma 'doce' queda provocada por algo externo pode fazer estragos enormes em nosso Ego, todos os que já se apaixonaram sabem bem disso. Assim, para os gregos o amor-paixão é uma alteração irracional da alma.
Aristóteles já trazia uma certa ideia de que a paixao vinha de algo fora do homem e seria provocada por um deus.
Cá entre nós, bem que parece algo dos deuses....
Entao, seguindo essa ideia, um amor é capaz de naufragar gigantes, uma instância amorosa capaz de provocar a maiss terrível das tempestades e tormentas. Podendo chegar a uma patologia.
Bah! Paixão como doença acaba com minhas esperanças de que uma paixão pode.mudar, transformar um mundo, um sistema, um ser pessoa, da doença para a cura.
Só posso.concluir que um enamorado apaixonado nao é um ser livre nem responsável por suas ações.
Mas.... Como?
Quem se apaixona é uma.vítima de Eros. Bem.... Acontece.
Se somos incapazas de decidir por esse sentimento inicial, somos sim capazaes de escolher continuar nele.
Ahhh Paixão que acaba com qualquer coração mas que produz efeitos inigualáveis de prazer e transcendência. Momentos que se vão, mas que deveriam ser vividos sempre que possível. Que.beleza que.existe a poesia que perpetua o amor, mesmo que no papel. Mas que romântico escrever sobre amar num pedaço de papel.
O amor-paixão modifica o próprio ser humano. Esse grande.movimento de vida nunca devia ser julgado e desperdiçado por medos e temores da dor. Amar dói, de qualquer jeito. A dor é o arranque da aprendizagem. Não há como apenas passar por esta vida e não viver. Há de se passar pela vida, mas há de se amar na vida. O sentido do viver.
A premissa de que o amor tenha sido inscrito sob as rédeas do irracional parece promover um distanciamento da ciência e da filosofia para.refletir sobre o fato de transbordar e exceder o fator individual. Afinal, vale a.pena amar?
Shakespeare descreve lindamente esta irracionalidade, ou.como queiram chamar, em "Sonhos de uma noite de verão". Duendes que movem os fios do amor enquanto todos dormen, e ao acordarem estariam todos enamorados por seus, talvez, impossiveis amores se não fossemum Sonho.
Lindo isso. Apaixonadamente.lindo e amorosamente humano, recheado de doçura e lindeza!
Os ocidentais ligaram o amor ao sentimento da dor. Ao ponto de que sofrer por amor vale a.pena. Isso culpa dos gregos que fizeram a paixão ser algo irracional (brincadeirinha séria rs)
Mas lindo mesmo e impossivel de ignorar é aquele amor da Idade Media, cortês, rebelde e profano. Ao som de canções de exaltacao ao erotismo. O amor trovadoresco, ou deileixado, o amor proibido. Neste proibido talvez estejam as maiores e lindas historias de amor e paixão.
O romantismo eleva a paixao amorosa e sua consequência é a dor, a morte. Azar do destino.
Ema Bovary, ao ler suas historias de amor, foi contemplada por inumeros contratempos sem os quais nunca seria um amor de verdade.
As mulheres que amaram de verdade e lutaram por seu amor era fortes e mudaram o mundo.
Zeus e seus raios criou o feminino e o masculino e até hoje eles se.procuram por esse mundo de naturezas e ciências, de emoçoes e razoes, de misterios e explicações.
Amar, apenas amar. Como.dizia o poeta. Tão complicado para alguns e tão passivel de alegrias e prazer para outros.
Uma flechada dói. A questao está em como viver bem, amar sem sentir dor?
Alguns.amores são mortais e outros vão se fazendo 'a fuego lento', já dizia meu avô uruguaio, serenamente. É possivel aprender a amar diante das circunstâncias da.vida. Hoje talvez tenhamos que reaprender a amar e resgatar em.nós a paixão escondida e abafada.por.um tempo passageiro. As marés que conduziam os navegadores.do amor parecem hoje procurar por eles. As águas vazias.invadiram as.possibilidades de amar devagar e sem repentes. Amar por amar. Amar, só amar.
Ahhh temos Platão com o conceito do desejo como ausência (Banquete)
Só desejamos aquilo.pelo qual somos carentes. Eis Sócrates.
Pensemos que o amor não se explica. Sendo assim, resta amar. Em suas diversas formas de amor a sociedade.poderá vir a transformar-se. O que sempre aconteceu e aconteceu porque é impossivel ao ser humano, por ser humano, não amar.
Para amar precisamos.do Outro. E Amar é o Outro. Um toca e o outro canta. O que nos falta está no Outro. Portanto amar, conversar, cuidar, olhar e sentir, abraçar, esperar..... Esperar sempre.... É entender o Outro como diferente de nós mas que sem ele nao seríamos nós.
Amar, para sempre amar!
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