sábado, 7 de janeiro de 2012

Sem jeito!

Pois não tenho mais jeito. Enfio os pés pelas mãos e as mãos pelos pés.
Escrevo, ainda bem. A palavra me renova, me refaz, ela me pensa, porque eu mesmo não consigo mais me pensar. Deixo rolar...
Escrevo para incomodar. Escrevo para existir e saber que tenho um coração que ainda bate. Quando leio, é  para viver novas vidas e ter novas palavras para escrever na vida.
Acabei de ouvir que a vida não tem texto, temos que legendá-la. 
E não é que certa vez pensei que a vida é uma música sem partitura, que nunca termina, e cada um de nós deve escrevê-la, com as improvisações necessárias, as consonâncias e dissonâncias, as mudanças de tonalidades, as previsões de finais e o famoso 'noch ein mal, bitte', de um maestro que mostrou-me um mundo que não conhecia, na música. 
Palavras em diferentes línguas, que dizem o mesmo, mas embelezam o jeito de viver. O sentido da palavra é realmente 'legendar' o que se vive. Porém, só é possível legendar as experiências se as aprendemos, ou será ao contrário, legendamos para aprender com elas?
Não sei.
Só sei que a palavra deve ser usada, seja para organizar, para embelezar, para realizar o que é anunciado, para amaciar as dores de se viver, para seja o que for... 
A palavra leva à leitura e, por conseguinte, dá um sentido ao sentimento do homem, ao afeto, direciona-o à amorosidade, à solidariedade para com o Outro. Importante isso... 
Palavra, conhecimento, vida, amor.
E sigo vivendo, sem jeito, do meu jeito, talvez desfeito ou refeito, ou ainda, com um pouco de jeito, mas sigo meu rumo. Preciso de pessoas perto, de amigos muitos, de continuar a ser professora, de cantar. Tudo o que faço, faço porque as palavras me levam, é o sentido que dou a elas que escolho se sofro ou não, se me afasto ou me aproximo, se acerto ou recomeço. 
Em tudo isso, uma coisa me atrapalha e me desarruma: as emoções. 
Hoje, então...Ouvindo artistas usando a palavra para glorificar a Arte... Só posso transbordar ...

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