Escrevi muitas cartas quando nos tempos idos. Escrevi cartas para familiares que moravam longe. Aliás, minha família sempre esteve um pouco em cada mundo. Pois as cartas eram necessárias. Nos aproximavam, encurtavam distâncias e saudades.
Quando então, comecei a receber cartas que falavam em forma de poesia, sobre amar, sobre estar apaixonado, naqueles momentos não percebia o quanto era feliz. Muitas foram as vezes que batiam na porta da sala de aula com cartas direcionadas a mim. Meus amigos serviam de 'carteiros'... Isso era maravilhoso!! Porém, hoje que percebo e dou valor. Naquele tempo, sofria ridiculamente... O sentimento fazía-me sofrer mesmo sendo correspondida. Mas não podíamos nos ver, sempre algo impedia. Meu pai, principalmente, meu pai...
Guardo-as até hoje, todas. Ah! Se ele soubesse ... Nunca saberá.
namoro de três anos, pegando na mão, esperando na saída do colégio, guardando cartas de amor, escondidas.
A última carta foi assim, mesmo sabendo que era de alegria:
"Porém não tive coragem de abrir a mensagem
Porque, na incerteza, eu meditava
Dizia: "será de alegria, será de tristeza?"
Quanta verdade tristonha
Ou mentira risonha uma carta nos traz
E assim pensando, rasguei sua carta e queimei
Para não sofrer mais"
Sou feliz porque nasci assim, ridícula e boba. Dou valor demasiado a uma palavra, a um olhar, a uma intenção escondida... Isso é considerado ridículo hoje, mas não é. Quem me proibia de namorar, foi quem ensinou-me a ser assim. Ele, meu pai era assim... Mas não queria que eu fosse. Não deu certo seu plano. Sou ridícula, apaixonada, sofro por tudo e por todos.
Sim. E daí? Isso passa e tudo começa de novo. Até o dia que não mais sentir meu coração bater forte. Quando começar a diminuir as batidas, já era... Já fui... Me esqueçam. Assim será.
E, para terminar:
"Quanto a mim o amor passou
Eu só lhe peço que não faça como gente vulgar
E não me volte a cara quando passa por si
Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor
Fiquemos um perante o outro
Como dois conhecidos desde a infância
Que se amaram um pouco quando meninos
Embora na vida adulta sigam outras afeições
Conserva-nos, escaninho da alma, a memória de seu amor antigo e inútil"
E, para terminar:
"Quanto a mim o amor passou
Eu só lhe peço que não faça como gente vulgar
E não me volte a cara quando passa por si
Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor
Fiquemos um perante o outro
Como dois conhecidos desde a infância
Que se amaram um pouco quando meninos
Embora na vida adulta sigam outras afeições
Conserva-nos, escaninho da alma, a memória de seu amor antigo e inútil"
Nenhum comentário:
Postar um comentário